MANOEL MOREIRA NEVES

( Brasil – São Paulo )

Nasceu a 9 de Março de 1889, em Santos, São Paulo.

CADERNO DE POESIA - II.  Santo André, SP: Clube de Poesia de S. André, 1954.   90 p.     15,5 X 22,5 cm.         Ex. bibl. Antonio Miranda.  

              O crepúsculo

O crepúsculo cai, eu vivo aflito,
Tal qual mendigo errante na jornada,
Quantas lamúrias já eu tenho escrito,
Dessa minha existência malfadada.

Sem a ilusão de um sonho, nada, nada,
É, bem cruel a vida em que me agito,
Minas preces evolam no infinito,
Rogando paz, à alma desolada.

Como tudo mudou, eis-me abalado!
Com o crepúsculo, vieram mil abrolhos,
Prostrando-me cruel desilusão.

Na intensa nostalgia desse enfado
Lacrimejam saudosos os meus olhos,
Torturando o meu pobre coração


Paixão

Bela como és, eu resistirei ainda,
Dominarei a paixão desses desejos,
E remorso terei, ao vê-la tão linda,
E furtar-me aos teus ardentes beijos.

Longe de ti, eu sinto mágoa infinda,
A nostalgia a ferir em meus latejos,
Numa agonia que jamais se finda,
Por não querer ceder aos teus desejos.

Esse capricho, sem razão de ser,
Minh´alma inunda só de sofrimento,
Fugindo à tentação desses encantos.

Cumprindo o meu destino, a padecer,
Busco em vão relação ao esquecimento
Essa paixão, que me devora em prantos.


Poema

— Quando teu olhar eu encontro meigamente,
indago a mim mesmo, o que direi então,
Sinto dentro de mim, indômita revolta,
por nada dizer-te, o meu mudo coração.
Assim a sofrer a angústia do silêncio,
Sinto a minh´alma desprezada e triste...
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                   Mas, tardiamente chegamos nesse encontro,
E o destino implacável, me roubou,
Toda a esperança e as ilusões da vida.

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Página republicada em novembro de 2022